Ho Yin nasceu em Panyu, na Região do Delta do Rio das Pérolas, cerca de cem quilómetros a norte de Macau, em 1908, quando a China ainda estava governada pela família imperial da Dinastia Qing. Era um homem de negócios e um líder carismático, patriótico e respeitado da comunidade chinesa de Macau. Era também um importante intermediário diplomático entre a República Popular da China (RPC) e o Estado Novo Português anti-comunista (1933-1974). Foi um membro do Congresso Nacional Popular da República Popular da China. Morreu em 1983 na Cidade de Macau.
Ho Yin tinha cinco esposas, seis filhos e sete filhas. Edmund Ho Hau-wah, o actual Chefe do Executivo de Macau, é o seu quinto filho.
Na China e em Hong-Kong
O seu pai, Ho Cheng-kai, é um pequeno comerciante, possuindo uma pequena loja em Panyu. Quando Ho Yin tinha apenas 13 anos, tornou-se um aprendiz numa loja em Cantão, aprendendo a administrá-la. Aos 16 anos, deslocou-se para Shunde, um centro tradicional na Região do Delta do Rio das Pérolas, onde tornou-se um administrador de uma loja. Em 1930, ele decidiu investir na área das transacções monetárias, abrindo uma loja em Cantão onde se efectuam estas transacções, consideradas, naquela época, como uma actividade muito lucrativa. Mas, em 1938, com a invasão dos japoneses a Cantão, ele foi forçado a deslocar-se para Hong-Kong, onde ele continuou com o seu negócio lucrativo nesta colónia britânica.
Em Macau
Porém, em 1941, os japoneses finalmente invadiram Hong-Kong e, consequentemente, Ho Yin deslocou-se e estabeleceu-se finalmente em Macau. Foi nesta pequena colónia portuguesa que ele fundou o Banco Tai Fung, que inicialmente efectuava somente transacções monetárias. Pouco tempo após a sua chegada a Macau, o Governo Português de Macau e muitos banqueiros desta Cidade rapidamente reconheceram a sua enorme capacidade e talento na área de negócios e também nos assuntos comunitários. O Governo deu o monopólio do lucrativo comércio de ouro desta colónia à sua companhia.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial que Ho Yin tornou-se rico e famoso devido ao seu negócio na área das transacções monetárias e no comércio de ouro, nomeadamente na sua grande contribuição na estabilização do valor da moeda local, a pataca, e nos seus conselhos financeiros ao Governo de Macau e ao Banco Nacional Ultramarino, instituição responsável pela emissão da pataca. Tinha grande prestígio em Macau, principalmente dentro da comunidade chinesa, conseguindo, em 1950, ocupar o cargo de Presidente da Associação Comercial Chinesa de Macau, cargo que ele exerceu até à sua morte, em 1983. Foi também Presidente de mais de 200 companhias e organizações comunitárias. Muitas organizações comunitárias que ele fundou ou possuia produziam prejuízos para ele, mas ele insistiu em continuá-los porque eles tinham a finalidade de servir a comunidade local. Os seus negócios abrangem inclusivamente a área de transportes públicos, possuindo a companhia de autocarros "Transmac" (Companhia dos Transportes Urbanos de Macau). Ele era famoso pela sua capacidade e talento de resolver conflitos políticos e também conflitos, algumas vezes armados, entre as várias Tríades da Cidade que eram rivais entre si.
Embora Ho Yin seja geralmente popular e respeitado pelas várias forças políticas divergentes da comunidade chinesa de Macau (a direita pró-capitalista e a esquerda pró-comunista), foi alvo de um ataque de granada em Maio de 1966, mas escapou ileso. Aqueles que o atacaram nunca foram apanhados e julgados, mas muitos especulam que eles eram membros do Kuomintang que estavam insatisfeitos pela relação íntima que Ho possuia com o Partido Comunista Chinês.
A sua carreira política
Ele começou a sua carreira política nos inícios da década de 50, depois do estabelecimento da República Popular da China (RPC), e tornou-se numa das figuras políticas mais importantes e influentes de Macau. Como o Estado Novo anti-comunista e autoritáro de Salazar reconhecia somente a Formosa governada pelo General nacionalista Chiang Kai-shek, e não a RPC, como a única "China" oficialmente existente, Portugal não tinha relações diplomáticas com a RPC. Por isso, Ho Yin tornou-se num importante intermediário diplomático entre Portugal e a RPC. Ele mantia um contacto intenso com o Governo Central Chinês e fazia inúmeras visitas a Pequim. Na capital da RPC, conversava e trocava opiniões muitas vezes acerca de assuntos sobre Macau com Mao Tse-tung, Zhou Enlai e com muitos oficiais importantes do Partido Comunista Chinês. Foi inclusivamente membro do Congresso Nacional Popular da RPC.
Ele participou e contribuiu muito para a resolução de vários desentendimentos entre Portugal e a RPC, nomeadamente a questão da marcação da fronteira entre Macau e China (o que resultou um pequeno conflito militar sino-português em 1952 junto das Portas do Cerco) e o Motim 1-2-3 organizado por residentes chineses pró-comunistas de Macau em 1966 (este incidente quase levou ao colapso da administração portuguesa desta Cidade). A sua participação e empenho na resolução da crise originada pelo Motim foi fulcral porque, naquela altura, ele era um dos únicos que conseguia contactar directamente e simultaneamente com o Governo Português de Macau (visto que o Ho Yin era o representante chinês no Conselho Legislativo), com os oficiais chineses de Cantão e de Pequim e com a população chinesa enfurecida da Cidade. Por isso, internacionalmente, ele passou a ser considerado como o "capitalista vermelho" de Macau. Ele conseguia acalmar, convencer e agradar simultaneamente os comunistas de Pequim e os autoritários anti-comunistas de Lisboa. Esta tarefa difícil que Ho Yin realizava era fundamental para a sobrevivência da administração portuguesa, e até mesmo da de Macau, durante a Guerra Fria, a Revolução Cultural e, posteriormente, do rápido e repentino processo de descolonização de Portugal levado a cabo em 1975, após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Macau, após constantes negociações entre Portugal e a República Popular da China, foi a única colónia portuguesa que não experimentou este abrupto processo de descolonização, sendo reunificado à República Popular da China no dia 8 de Dezembro de 1999, após 24 anos do processo.
O Governo Português de Macau homenageou Ho Yin, atribuindo-lhe o título honorífico de "Comendador". Ho Yin foi deputado na Assembleia Legislativa de Macau nomeado pelo Governador na primeira (1976-1980) e segunda (1980-1984) legislaturas.
Morte
Ho Yin morreu de cancro no dia 6 de Dezembro de 1983, com 75 anos de idade, na Cidade de Macau. Não conseguiu completar a sua segunda legislatura na Assembleia Legislativa.
Macau deu grandes homenagens a este homem de grande importância e contributo para a Cidade, possuindo pelo menos uma avenida e um parque que se chamam "Comendador Ho Yin". O nome deste falecido líder foi até atribuído a um asteróide ("5045 Hoyin (1978 UL2)").
Ho Yin tinha cinco esposas, seis filhos e sete filhas. Edmund Ho Hau-wah, o actual Chefe do Executivo de Macau, é o seu quinto filho.
Na China e em Hong-Kong
O seu pai, Ho Cheng-kai, é um pequeno comerciante, possuindo uma pequena loja em Panyu. Quando Ho Yin tinha apenas 13 anos, tornou-se um aprendiz numa loja em Cantão, aprendendo a administrá-la. Aos 16 anos, deslocou-se para Shunde, um centro tradicional na Região do Delta do Rio das Pérolas, onde tornou-se um administrador de uma loja. Em 1930, ele decidiu investir na área das transacções monetárias, abrindo uma loja em Cantão onde se efectuam estas transacções, consideradas, naquela época, como uma actividade muito lucrativa. Mas, em 1938, com a invasão dos japoneses a Cantão, ele foi forçado a deslocar-se para Hong-Kong, onde ele continuou com o seu negócio lucrativo nesta colónia britânica.
Em Macau
Porém, em 1941, os japoneses finalmente invadiram Hong-Kong e, consequentemente, Ho Yin deslocou-se e estabeleceu-se finalmente em Macau. Foi nesta pequena colónia portuguesa que ele fundou o Banco Tai Fung, que inicialmente efectuava somente transacções monetárias. Pouco tempo após a sua chegada a Macau, o Governo Português de Macau e muitos banqueiros desta Cidade rapidamente reconheceram a sua enorme capacidade e talento na área de negócios e também nos assuntos comunitários. O Governo deu o monopólio do lucrativo comércio de ouro desta colónia à sua companhia.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial que Ho Yin tornou-se rico e famoso devido ao seu negócio na área das transacções monetárias e no comércio de ouro, nomeadamente na sua grande contribuição na estabilização do valor da moeda local, a pataca, e nos seus conselhos financeiros ao Governo de Macau e ao Banco Nacional Ultramarino, instituição responsável pela emissão da pataca. Tinha grande prestígio em Macau, principalmente dentro da comunidade chinesa, conseguindo, em 1950, ocupar o cargo de Presidente da Associação Comercial Chinesa de Macau, cargo que ele exerceu até à sua morte, em 1983. Foi também Presidente de mais de 200 companhias e organizações comunitárias. Muitas organizações comunitárias que ele fundou ou possuia produziam prejuízos para ele, mas ele insistiu em continuá-los porque eles tinham a finalidade de servir a comunidade local. Os seus negócios abrangem inclusivamente a área de transportes públicos, possuindo a companhia de autocarros "Transmac" (Companhia dos Transportes Urbanos de Macau). Ele era famoso pela sua capacidade e talento de resolver conflitos políticos e também conflitos, algumas vezes armados, entre as várias Tríades da Cidade que eram rivais entre si.
Embora Ho Yin seja geralmente popular e respeitado pelas várias forças políticas divergentes da comunidade chinesa de Macau (a direita pró-capitalista e a esquerda pró-comunista), foi alvo de um ataque de granada em Maio de 1966, mas escapou ileso. Aqueles que o atacaram nunca foram apanhados e julgados, mas muitos especulam que eles eram membros do Kuomintang que estavam insatisfeitos pela relação íntima que Ho possuia com o Partido Comunista Chinês.
A sua carreira política
Ele começou a sua carreira política nos inícios da década de 50, depois do estabelecimento da República Popular da China (RPC), e tornou-se numa das figuras políticas mais importantes e influentes de Macau. Como o Estado Novo anti-comunista e autoritáro de Salazar reconhecia somente a Formosa governada pelo General nacionalista Chiang Kai-shek, e não a RPC, como a única "China" oficialmente existente, Portugal não tinha relações diplomáticas com a RPC. Por isso, Ho Yin tornou-se num importante intermediário diplomático entre Portugal e a RPC. Ele mantia um contacto intenso com o Governo Central Chinês e fazia inúmeras visitas a Pequim. Na capital da RPC, conversava e trocava opiniões muitas vezes acerca de assuntos sobre Macau com Mao Tse-tung, Zhou Enlai e com muitos oficiais importantes do Partido Comunista Chinês. Foi inclusivamente membro do Congresso Nacional Popular da RPC.
Ele participou e contribuiu muito para a resolução de vários desentendimentos entre Portugal e a RPC, nomeadamente a questão da marcação da fronteira entre Macau e China (o que resultou um pequeno conflito militar sino-português em 1952 junto das Portas do Cerco) e o Motim 1-2-3 organizado por residentes chineses pró-comunistas de Macau em 1966 (este incidente quase levou ao colapso da administração portuguesa desta Cidade). A sua participação e empenho na resolução da crise originada pelo Motim foi fulcral porque, naquela altura, ele era um dos únicos que conseguia contactar directamente e simultaneamente com o Governo Português de Macau (visto que o Ho Yin era o representante chinês no Conselho Legislativo), com os oficiais chineses de Cantão e de Pequim e com a população chinesa enfurecida da Cidade. Por isso, internacionalmente, ele passou a ser considerado como o "capitalista vermelho" de Macau. Ele conseguia acalmar, convencer e agradar simultaneamente os comunistas de Pequim e os autoritários anti-comunistas de Lisboa. Esta tarefa difícil que Ho Yin realizava era fundamental para a sobrevivência da administração portuguesa, e até mesmo da de Macau, durante a Guerra Fria, a Revolução Cultural e, posteriormente, do rápido e repentino processo de descolonização de Portugal levado a cabo em 1975, após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Macau, após constantes negociações entre Portugal e a República Popular da China, foi a única colónia portuguesa que não experimentou este abrupto processo de descolonização, sendo reunificado à República Popular da China no dia 8 de Dezembro de 1999, após 24 anos do processo.
O Governo Português de Macau homenageou Ho Yin, atribuindo-lhe o título honorífico de "Comendador". Ho Yin foi deputado na Assembleia Legislativa de Macau nomeado pelo Governador na primeira (1976-1980) e segunda (1980-1984) legislaturas.
Morte
Ho Yin morreu de cancro no dia 6 de Dezembro de 1983, com 75 anos de idade, na Cidade de Macau. Não conseguiu completar a sua segunda legislatura na Assembleia Legislativa.
Macau deu grandes homenagens a este homem de grande importância e contributo para a Cidade, possuindo pelo menos uma avenida e um parque que se chamam "Comendador Ho Yin". O nome deste falecido líder foi até atribuído a um asteróide ("5045 Hoyin (1978 UL2)").
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