Wednesday, November 28, 2007

As venerandas barbas e o retorcido bigode do fundador do Grémio Militar.




O Clube Militar de Macau (CMM) foi fundado em 20 de Abril de 1870 com o nome de Grémio Militar.
"Aos vinte dias do mês de Abril de 1870, na sala dos oficiais do Quartel do Batalhão de Infantaria, reunidos os oficiais ao serviço do referido Batalhão, propôs o Alferes Dores organizar-se um Grémio não só para ponto de reunião, como, mui principalmente, para nele se estabelecer uma biblioteca de livros militares, científicos e de qualquer outro assunto, havendo também jornais, jôgo de armas e de todos os permitidos por lei.Aceite a proposta pela corporação, nomeou o chefe da mesa preparatória, da qual tomou a presidência, a fim de imediatamente se proceder por escrutinio à eleição dos oficiais que deviam elaborar o projecto de estatutos para o referido Grémio.

Recolhidos os votos, foram eleitos: presidente, o capitão Manuel de Azevedo Coutinho, vogais, o tenente Henrique Augusto Dias de Carvalho e o Alferes Rafael das Dores, sendo este o secretário. Nomeada a comissão, ficou logo convencionado que podiam ser sócios do Grémio todos os oficiais do exercito, marinha, reformados e aspirantes. Em seguida o presidente deu a mesa por dissolvida e encarregou a comissão de fazer convidar para sócios todos os oficiais nas circunstâncias acima, sendo estes os fundadores, os quais avisariam para as sessões em que forem presentes os estatutos, e assim terminou esta reunião do dia 20 de Abril de 1870. Ass) - Domingos José d' Almeida Barbosa - tenente-coronel."
Os primeiros estatutos do Grémio Militar foram aprovados pelo Governo a 24 de Janeiro de 1871 e publicados a 31 do mesmo mês no "Boletim de Macau e Timor" ano 1871, Vol. n.° 5 - 30-1-1871.No início admitia apenas como sócios os oficiais militares. No entanto, cedo se abriu à sociedade civil passando a admitir também como sócios os funcionários superiores da Administração.O Grémio Militar organizou uma biblioteca riquíssima em que existiam as primeiras edições de obras de Camilo, Eça, Antero, Ramalho, Junqueiro, Enes, e tantos outros.
Pelo Grémio passaram conferencistas de prestígio - José Maria Teixeira de Guimarães e Cardeal D. José da Costa Nunes - poetas consagrados - Camilo Pessanha - e jornalistas de mérito - Silva Mendes. E foram organizados muitos saraus, bailes e concertos...


(Manuel de Azevedo Coutinho (na foto parece o general Lee da guerra civil americana...)

As instituições, como as pessoas, têm na sua existência altos e baixos. No caso do CMM esses anos foram os de 1941 a 1951.De facto, durante a Guerra do Pacífico (1941-1945) o edifício da sede do Grémio Militar foi requisitada pelo Governo para albergar refugiados de Hong Kong.O rico mobiliário e biblioteca foram guardados no armazém das Obras Públicas no Bairro 28 de Maio. No entanto, o longo período da Guerra, a rotação do pessoal militar, fizeram arrefecer o espírito associativo e, quer o mobiliário, quer a biblioteca se perderam por completo. E, no fim da Guerra, o Governo instalou na sede do Grémio a Repartição da Fazenda.Construído e inaugurado o Palácio das Repartições, o edifício do velho Grémio foi devolvido aos sócios em 1951.

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