Friday, October 19, 2007

Um discreto maçon governador de Macau


Ontem havia uma efeméride de Macau a lembrar (são poucas as do mês de Outubro). Trata-se de relembrar a figura de um governador de Macau, da primeira metade do século XX. Um governador que ocupou o cargo pelo espaço de um ano. Não deixou nem muita, nem pouca história aqui pelo Extremo Oriente. Ficou emparedado entre dois nomes de fama. Um era Rodrigo Rodrigues, que deixou topónimo numa das avenidas principais da cidade. Outro era Tamagnini Barbosa, que governou Macau mais do que uma vez e parece ter sido o único governador de Macau a morrer no posto. Morreu no Palácio da Praia Grande, depois de ter assistido à morte do poeta António Patrício que faleceu no palacete de Santa Sancha, situado umas centenas de metros mais acima nas faldas da colina da Penha.
Mas a efeméride respeita a Maia Magalhães, que governou Macau de Outubro de 1925 a Dezembro de 1926.
Se Maia Magalhães não deixou grande nome em Macau, deixou-o em Portugal.
Oficial de Cavalaria, Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães (1881-1932), nasceu em Aveiro. Maçon, contribuiu para a preparação da participação portuguesa na I Guerra Mundial, integrando o C. E. P. em 1917. Em 1921 foi chefe do Estado-maior da 1.ª Divisão, cargo que exerceu intermitentemente até ser exonerado em Setembro de 1924. Em 1925 foi nomeado governador de Macau e, em 1926, integrou a Comissão para o Estudo da Campanha Militar do Norte em Moçambique. Foi director dos Serviços Cartográficos do Exército (1927-32) e em 1931 foi preso conjuntamente com um grupo de oficiais envolvidos na Revolta da Madeira, que o regime temia se alastrasse ao continente, vindo a falecer no ano seguinte.
Vasco Pulido Valente cita Maia Magalhães, como um dos militares que tiveram papel de destaque na luta contra a Monarquia do Norte, de Paiva Couceiro, na região de Chaves. Mas tal como em Macau também na panóplia dos "defensores de Chaves" o seu nome some-se. Igualmente se some o seu nome na Revolta da Madeira, movimento que consagrou apenas o general Souza Dias e o capitão Agatão Lança.
Os herdeiros de Maia Magalhães doaram o seu espólio ao Museu Militar de Lisboa. Está lá muita coisa para consultar provavelmente e provavelmente alguma sobre Macau.
Refiro ainda, por curiosidade que Maia Magalhães era tio de Vitorino Magalhães Godinho, também ele maçon, anti fascista e historiador de renome.

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