Thursday, October 23, 2008

Teatro Baquet. Porto Onde morreu a Maria Coroada que fez o sisma da Granja do Tedo


História da Mulher-Homem
Chamou-se, no baptismo, Maria da Trindade e era filha de Maria das Neves ou Maria Coroada. Nascida em Quintela (Sernancelhe), foi, ainda criança, para Granja do Tedo (1851). Vestiu-se como rapaz e adoptou o nome de António das Neves, estatuto que manteve pela vida fora, na escola, no trabalho à jorna pelo Douro e como empregado de comércio, no Porto, mais tarde. Cultivou a amizade de uma rapariga da Granja do Tedo, mas adiou sempre o casamento. Correndo o ano de 1879, certo dia, no Porto, a polícia suspeitou da estranha situação de António das Neves, que não trazia consigo documentos militares. Foi levado a Tribunal mas logo libertado devido às boas referências de toda a gente. Readquirindo um estatuto de mulher casou nesse mesmo ano com o filho de um antigo patrão. Morreu tragicamente no incêndio que, em 20 de Março de 1888, deflagrou no Teatro Baque
Esta mulher possui uma história extraordinária que Portugal mal conhece. Creio que apenas Pinho Leal lhe fez referência (para além de alguns escritores regionais beirões). Arnaldo Guedes, publicou um artigo interessantíssimo sobre a Maria Coroada e o Cisma da Granja do Tedo na Revista Contr'O Vento do Colégio Infante D. Henrique de Moimenta da Beira. Gostaria de o estampar neste blog, mas será muito difícil encontra-lo no ciberespaço, já que foi impresso, nos anos 60 do século passado, a letras de chumbo numa tipografia de Lamego, num tempo em que os computadores pessoais estavam a mais de duas décadas de distância e disquete era uma palavra inexistente que só os escritores de ficção científica usavam nas suas novelas de antecipar o futuro.

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