OS BOIS
Os bois! Fortes e mansos, os boizinhos,
- leões com corações de passarinhos!
Os bois! Os grandes bois, esses gigantes,
tão amigos, tão úteis, tão possantes!
Vede os bois a puxar, pelas estradas,
aquelas pesadíssimas carradas.
O corpo deles, com o esforço, freme,
e o carro geme, longamente geme...
E à noite, pela estrada tão sòzinha,
o carro geme, geme, e lá caminha...
E parece, pela noite envolta em treva,
que é o carro a chorar por quem o leva.
Vede o boi a puxar à velha nora,
que parece também que chora, chora...
A nora chora, e o boi, cansadamente,
anda à roda, anda à roda, longamente...
E parece pela tarde erma que expira,
que é a água a chorar por quem a tira.
Mas vede os bois, também, nessa alegria
de trabalhar na terra à luz do dia!
Vede os bois a puxar ao arado, agora
que o lavrador conduz pelo campo fora!
Eis um canto de amor no ar se espalha:
- é a terra a cantar por quem trabalha!
O arado rasga a terra, e os bois, passando,
com os seus olhos a vão abençoando.
Sem as suas fadigas e canseiras,
não teriam florido as sementeiras!
Sem a sua força, sem a sua dor,
não estava rindo a terra toda em flor!...
E, por onde os bois lavraram,
as fontes frescas brotaram,
as árvores verdejaram,
os passarinhos cantaram,
as flores floriram,
os campos reverdeceram,
os pães cresceram
e os homens sorriram!...
Pós mote
Os bois de Vieira
O meu cão é bem mais pequenino
Com trinta quilos de peso certos
Olhos espertos
E melancólicos
E sedutores
Bucólicos
Encantadores
À minha beira
É afinal também
Um animal de encantar.
Merece versos tão enterncedores
Como os bois de Vieira.
Pena é que eu não saiba bem versejar
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