O tio Arnaldo trata disso tudo
Como sempre tratou
As lágrimas quedam-se com ele em ângulo agudo
Convergente
Por aqui estou
Presente!
Afirma sem dizer como se fosse um surdo mudo
O Tio Arnaldo quando tudo falta sempre trata de tudo.
Que heroicidade esta de meu irmão
Verter as lágrimas de todos nós
Sozinho
Sublimemente mudo
Num cadinho
De ouro
Besouro
Coerente
Sempre consciente
Sem dizer nada na vida corrente
de todos nós
Trata do que deve como as mós
Dos moinhos antigos sem se dar por elas
Rodam, rodam e alimentam
De farinha bocas que não sabem que têm fome
E a família vive
E a família come
E o mundo gira.
Incoerente informe
E acorda e dorme.
Foram-se os pais, os tios e os avós.
Falta alguém?
Faltamos todos nós
Esmorecem as velas
Mas o Tio Arnaldo não.
Do trabalho obreiro
Pega com uma mão
Uma agonia
E com a outra uma exactidão
Do dia a dia
Sobre todos os chorados mortos temos que sobreviver
A vida é assim que se há-de fazer?
14 Janeiro 2011-01-14
J. Guedes
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