Preguiça e afazeres (principalmente preguiça) levam a que este blogue que mantenho não seja actualizado tanto quanto merecia. Mas hoje apesar de ser fim-de-semana e ter ido para a praia (a praia “chateia-me” por que fico sempre com a sensação de que nessas horas de natação e papo para o ar deixo sempre por fazer alguma coisa importante. Claro que depois rememoro a minha agenda virtual e verifico que na verdade não perdi tempo nenhum. Mas é sempre assim) e ter tido de “aturar” os filhos que acharam que me deviam homenagear por ser “Dia do Pai” na China - por mor da tradição e assim...- e me invadiram o castelo ainda por cima acompanhados da progenitura, ou seja as minhas netas pequeninas e irrequietas que me destroem sem respeito nem complacência a rotina, os “bibelots” (principalmente os que se partem) fazem desenhos nas fotocópias do Arquivo Histórico e nas gravuras que guardo secretamente (?) numa gaveta especial, mas cujo segredo conhecem e fazem gala em descobrir mal cá chegam a casa (como se descobrissem o tesouro pirata do capitão Morgan). Isto apesar de cá ter um contentor infindável de brinquedos comprados especifica e cientificamente para entreter as suas pequenas idades. Os pedagogos não sabem do que falam nas “posologias dos brinquedos” que constam nos rótulos das caixas. “Este brinquedo é específico para crianças entre os 3 e os 5 anos de idade”, diz a posologia no rótulo da caixa. É mentira evidente. Do que as minhas netas gostam é de brincar com as minhas canetas de estimação, o meu medidor de diabetes (objecto electrónico altamente sofisticado que custa um dinheirão) os bonecos mal amanhados que trouxe do Myanmar. Enfim um pandemónio... E o pior é que em vez de correr a família à bofetada não! Ainda acho graça.
Ser avô é negação da moral romana e antiga do “pater famíliaes”. Mas só agora o descubro. Certamente que já não vou a tempo de corrigir a moral vigente e de evitar o olhar de soslaio (meio escandalizado) de meus filhos que se tivessem o atrevimento de me tocar nas canetas iam para o “quarto escuro”. Felizmente que quando meus filhos eram crianças ainda não fazia colecção de canetas e o quarto escuro não passava de uma ameaça igual à do “homem do saco”.
Mas tudo isto para dizer apenas que retomo este blogue para deixar um “post” de homenagem (e já são 4 horas da manhã) a José Saramago.
Perde-se um grande escritor de que li alguns livro: - “Levantado do Chão”, “Memorial do Convento” “ O Ano da Morte de Ricardo Reis”, “Todos Os Nomes”, “Ensaio sobre a Cegueira”, “As intermitências da Morte”. Foram estes os que dele li.
Caim e o Evangelho não li, nem tenciono ler. Não porque tenha alguma coisa contra a temática que tanta polémica suscitou, mas apenas porque não me interessa o tema. Se calhar um dia qualquer quando estiver a gastar tempo na praia de papo para o ar e sem nada para fazer talvez os leia. De outro modo não me parece que o faça. Aliás contra a igreja católica já me deleitei e continuo a deleitar-me com a “Velhice do Padre Eterno” e “A Morte de D. João” poemas que para além de tratarem do mesmo assunto fazem-no em verso e deixam-nos extasiados perante a beleza de Deus, do Universo e a sordidez do Mundo em rimas tão harmoniosas que parecem melodias. Eram panfletos? Pois eram! mas eram bonitos e profundos.
Saramago pegou no tema em prosa. Estará literariamente bem feito (não sei porque como disse não li), mas não tem a melodia de Junqueiro e essencialmente surgiu a destempo. A Igreja de hoje está longe de ser a de há um século. E os combates de hoje não são os desses tempos republicanos estrénuos. O mundo mudou!
Mas rendo aqui, fora de horas também, a minha homenagem a José Saramago.
No comments:
Post a Comment