Tuesday, June 22, 2010

Alcantis e frontões



Longos penhascos cinzentos

Em surdas cogitações

Pendurados em tormentos

Dos alcantis em frontões

Socalcos escalavrados

Monte acima, monte acima!

Os caminhos depredados

Nem uma fonte ou uma mina?

Vinhedos dependurados

Cepos velhos carcomidos

Sobe e desce em alquebrados

O Douro de tempos idos

Há colmeias com abelhas

Socalcos ali acolá,

Há casas com loisas por telhas

Mas sombras é que não há!

É este o Douro assente

Assente em pedra xisto

Vida má, vida de Cristo

Douro velho eternamente.

João Guedes 1975

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