Wednesday, November 12, 2008
O coreto do Jardim da Estrela e o meu cão
No Jardim da Estrela. Ocasião!
Coreto
Fita antiga a branco e preto
Aqui nunca esteve o meu cão.
Mas como gostaria de o fotografar
A cirandar-se
E a coçar-se
Neste branco e preto
Nesta fotografia em redor do coreto.
Os dois a passear.
Mas este coreto de Outono
É tarde e sono
De céu anil vizinho
Por onde caminho sozinho
Sozinho? Não!
No outro lado de mim existe um outro continente
Onde o meu cão
Está sempre presente.
Eu e o meu cão
Cirandamos
Passeamos
Nos confins da China
Muito longe da Estrela e do Jardim
(ele sabe que sim)
Eu não sei nada
Nesta passeata de madrugada.
Ele fareja
Uma pequena mina
Afinal um buraco de estrada
Uma coisa pequenina.
Fareja, fareja e de repente
Sente
Que é preciso urinar
Neste pequeníssimo lugar
Para ocupar
Território, uma parcela
Que coisa interessante seria
Que o meu cão
Num instante finório
Fize-se cocó no Jardim da Estrela?
Teríamos enfim
Para ele e para mim
Um botânico jardim
A ser fertilizado
Por adubos naturais
O que é que os ecologistas quereriam mais?
É do que se fala agora na televisão e nos artigos de jornais.
Mas dizem que a polícia não aceita e multa
A gente descuidada e estulta
Que deixa os animais
Soltos pelos jardins sem coleira.
Na China é de outra maneira
Que coisa metafísica e fina
É observar
O meu cão
A passear
Na China
Mas quanto gostaria
Nesta antinomia
De fotografar
O meu cão
A farejar
E de repente parar
A perna alçar
E urinar
Numa urzela
Plantada no Jardim da Estrela
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