Saturday, March 15, 2008

Viagem ao País da Manhã



Hermann Hesse

Escritor alemão, emigrou para a Suíça em 1912 e em 1923 naturalizou-se suíço.
Filho de pais
missionários protestantes (pietistas, como é típico da Suábia) que tinham pregado o cristianismo na Índia.
Procurou construir sua própria
filosofia, a partir de sua revolta pessoal (Peter Camenzind, 1904) e de sua interpretação pessoal das correntes filosóficas do Oriente (Sidarta), e em especial em O Lobo da Estepe (1927), que é também uma crítica contra o militarismo e o revanchismo vigente na sua terra natal depois da Primeira Guerra Mundial. Esta postura corajosa o fez bastante popular na Alemanha do pós-guerra, depois da desnazificação.
Em
1946 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, pelo livro O Jogo das Contas de Vidro..

Um extraordinário livro.
O resumo biográfico é tirado da Wikipaedia que pura e simplesmente não fala em a "Viagem ao País da Manhã", ainda que esta sua obra já vá na sétima edição em português. A primeira foi em 2002. A tradução (bem feita) é da autoria de Mónica Dias. A editora é a ASA. O título original é: "Die Morgenlandfahrt". Foi publicado originalmente em alemão em 1957.
Hesse, no fim da vida, foi confrontado com o seu próprio passado de filiado na juventude hitleriana, ou coisa que o valha. Pediu desculpas e os jornais peroraram (à esquerda tabloide) sobre esse seu pecado original. Condenaram-no. Com que direito? Com o mesmo com que podemos condenar-nos a nós mesmos por termos sido da mocidade portuguesa por exemplo, quando eramos alunos do liceu e a isso obrigados.
Hesse, nunca renegou nada. Como todos nós apenas embarcou no comboio da vida e de estação em estação foi percebendo o mundo que flui em linha recta para o futuro pouco cuidando do passado e caminhando sempre no sentido dos ponteiros do relógio, ou seja, da esquerda para a direita num círculo geométrico que afinal se envolve e revolve (de facto entre a esquerda e a direita mas não nem sempre, nem por vezes, nem por algumas cisrcunstâncias) para se encontrar a si próprio. Não na circunvalação onde giram os ponteiros, mas sim no mecanismo do relógio que os fazem girar.
- Quem longe viajar, vai muita coisa avistar
Muito distante daquilo que considerava verdade,
Quando depois, nos prados da sua terra o contar,
Então como mentiroso é amiúde, tratado.
Porque o povo obstinado não quer confiar,
Quando não vê e não sente nitidamente o narrado.
A inexperiência, diz-mo a imaginação,
Pouco crédito dará à minha canção.

Isto diz Hesse em a Viagem...
Uma viagem em que é mais fácil perder companheiros do que encontrar irmãos. Ou se calhar perceber a diferença entre ir vivendo, ou procurar o sentido da vida para viver de facto..

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