A divisão político-administrativa do Reino de Mouzinho da Silveira veio alterar por completo(com maiores, ou menores injustiças) o mapa autárquico de Portugal.
No entanto, na generalidade, a decisão política de Lisboa (neste caso concreto melhor será dizer dos Açores que era onde se encontrava o Rei D.Pedro IV e o seu ministro Mouzinho) revelou-se acertada pelos tempos vindouros. Não sou especialista na matéria, mas reconheço que nesses tempos a importância das “terras” (lugares, aldeias e vilas) se começavam a transformar nitidamente. Principalmente na sequência das invasões napoleónicas que por imperativos militares levaram a novos levantamentos topográficos do país que em certo sentido corresponderam a verdadeiros sensos nacionais.
Sendo assim verificou-se que S. Cosmado tinha perdido importância face a Armamar. Resultado? S. Cosmado passou a freguesia anexa da dita vila e muito bem.
A Goujoím, sede de concelho (actualmente com menos de 30 habitantes) aconteceu o mesmo e passou para a dependência de Armamar perdendo o estatuto de vila.
Longa, de longa história, sofreu o mesmo destino e integrou-se no concelho de Tabuaço, tal como Barcos.
Granja do Tedo anteriormente muito mais comunicável com Goujoím deixou de estar nessa situação pelo desbravamento de novos caminhos, mais largos e transitáveis e naturalmente passou a pertencer a Tabuaço em vez de Armamar, ou Moimenta vilas com as quais detinha comunicações bem mais difíceis, ainda que mais próximas.
Leomil, apesar da grande extensão da sua freguesia perdeu terreno face ao explosivo desenvolvimento de Moimenta.
Lamas, perdido o Convento que constituía o centro da sua importância perdeu igualmente estatuto para Sernancelhe, mais uma vez porque Sernancelhe aumentava em dimensões demográficas e Lamas definhava com a perda de importância do referido convento.
A Lapa , por seu turno perdeu importância (ainda que muito posteriormente) pelo simples facto de a estrada (já do século XX) de ligação a Vila Nova de Paiva e Viseu ter sido traçada ao lado e bem ao lado alcandorando Alhais a uma dimensão inesperada de aldeia de passagem, quando por Alhais antes ninguém passava a não ser que o seu objectivo fosse ir lá, ou seguir para Fráguas, ou a outras várias localidades da Serra.
Castelo, quanto a mim perdeu importância apenas por que se encontra geograficamente situada numa espécie de promontório sem saída. Houvessem estradas que a ligassem a Contim, Beira-Valente, à Granja (neste caso agora já existe), ou mesmo a Leomil, ou Nagoza, Castelo poderia postar-se actualmente em posição bem diferente. Castelo foi importante quando foi castelo nos tempos da reconquista aos mouros depois disso nada.
Em suma a chave disto tudo são as ligações viárias e a quantidade e qualidade de população que cada agregado populacional possui.
Quanto à divisão entre Leomil e Moimenta sempre ouvi, desde criança, falar do diferendo de “fronteiras” (Alto do Facho? Rio Nozedo?).
Em minha opinião acho que faz pouco sentido esta dicotomia geográfica. Nos últimos trinta anos (tantos quanto me encontro em Macau – República Popular da China) tenho verificado a cada ano que passa e que passo férias em Leomil que Leomil e Moimenta se aproximam cada vez mais através do vale que divide o Alto do Facho do da Portela. Não tardam mais dez, vinte anos, que novas urbanizações liguem sem remissão as duas localidades.
Creio que será uma inevitabilidade (claro que por estar há tantos anos na China, me habituei a perspectivar o futuro a “lá long”. Neste ponto posso citar que Macau só será plenamente território chinês dentro de 40 anos). Tendo essa perspectiva em conta essa guerra de “alecrim e manjerona” entre Leomil e Moimenta será resolvida pelo tempo. Acho eu.
Quanto à transformação da Vila de Moimenta e das suas não sei quantas freguesias em cidade espero que seja levada a bom termo. Mas não a conto para breve. Tudo vai depender da capacidade das gentes de Leomil, Castelo, Paraduça, Semitela, Moimenta, Paradinha, etc.etc. chegarem a consenso (espero não ter esquecido nenhuma freguesia nem nenhum lugar) não foi por mal, mas apenas por estar longe das tricas paroquiais.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment