Saturday, June 28, 2008

Catulo da Paixão


Catulo da Paixão Cearense (São Luís do Maranhão, 8 de outubro de 1863 — Rio de Janeiro, 10 de maio de 1946) foi um teatrólogo, poeta, músico, compositor e cantor brasileiro.
Mudou-se para o Rio em 1880, aos 12 anos, com a família. Trabalhou como relojoeiro. Conheceu vários chorões da época, como Anacleto de Medeiros e Viriato Figueira da Silva, quando se iniciou na música. Integrado nos meios boêmicos da cidade, associou-se ao livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, que passou a editar em folhetos de cordel o repertório de modinhas da época.
Catulo da Paixão Cearense passou a organizar coletâneas, entre elas O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza.
Suas mais famosas composições são Luar do Sertão, de 1908, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e Flor amorosa (sem data). Também o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da ´modinha´. Esta biografia foi tirada da Wikipedia.

Caboca di Caxangá

Catulo da Paixão Cearense

Laurindo Punga, Chico Dunga, Zé Vicente
E esta gente tão valente
Do sertão de Jatobá,
E o danado do afamado Zeca Lima,
Tudo chora numa prima,
E tudo quer te traquejá.

Caboca di Caxangá,
Minha caboca, vem cá.

Queria ver se essa gente também sente
Tanto amor, como eu senti,
Quando eu te vi em Cariri!
Atravessava um regato no quartau
E escutava lá no mato
O canto triste do urutau.
Caboca, demônio mau,
Sou triste como o urutau!
Há muito tempo, lá nas moita das taquara,
Junto ao monte das coivara,
Eu não te vejo tu passá!
Todo os dia, inté a boca da noite,
Eu te canto uma toada
Lá debaixo do indaiá.
Vem cá, caboca, vem cá,
Rainha di Caxangá.
Na noite santa do Natal na encruzilhada,
Eu te esperei e descantei
Inté o romper da manhã!
Quando eu saía do arraiá, o sol nascia
E lá na grota já se ouvia
Pipiando a jaçanã.
Caboca, flor da manhã
Sou triste como a acauã!

Que coisa linda!... Digo eu.
Recitei estes versos na terceira classe da minha escola primária. Foi meu Pai que mos ensinou e ensaiou. Eu disse-os com sotaque brasileiro e tudo. Tinha sete, ou oito anos de idade. Meu Pai insistia que eu devia dizer não "caboca demónio mau" mas sim "demonho mau" que era como se dizia no Ceará.
Quando recitei não percebia nada da poesia e muito menos de acordos ortográficos. Minha Mãe filha do Brasil não gostou muito que eu recitasse Catulo. Acharia melhor que eu disse-se Carlos Drummond de Andrade. Afinal era filha de minha avó que achava que o melhor português brasileiro era o que se falava em S. Luís do Maranhão terra de gente culta terra onde nasceu (tinha teatro de ópera e tudo). Meu Pai, que nunca conheceu o Brasil, mas leu tudo quanto havia para lêr da poesia desse país deve ter pensado que Catulo era (em termos de literatura)o irmão gémeo de seu amigo Aquilino Ribeiro. Os regionalismos dos dois estavam acima do romantismo gasto de Dantas e de Soares de Passos dois dos autores de que minha Mãe mais gostava.
-Vai Alta a lua... poetava Soares de Passos. Os Lobos uivam... prosava, Aquilino.
E entre minha Mãe e meu Pai confesso que não consigo optar. Isto é como a música. Umas vezes apetece-me ouvir Rachmaninoff, outras os acordes dos velhos do Buena Vista Social Clube. Outras vezes acho graça a coisas como as que canta o Quim Barreiros (que foi meu camarada na Força Aérea), outras ouvir Enia, ou os Dengue Fever. Depende do momento e do estado de espírito, ou do "mood" como dizem os ingleses.
Mas que Catulo da Paixão Cearence é um poeta inolvidavel isso é. Digam-no os cantores brasileiros que aproveitaram as suas rimas para fazer o melhor que a música brasileira tem.

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