Friday, April 8, 2011

Os tons da minha juventude

Vou aqui iniciar uma sucessão de vídeos dos ídolos e "ídolas" (esta palavra existe?) que fizeram a minha juventude nos anos 60 do século passado. Nesse tempo, Elvis e outros que tais, para mim eram antigos, ou seja eram dos anos 50.
Na década seguinte gente nova aparecia. Os Beatles os Roling Stones, os Shadows, Tom Jones, etc. e tal.
Entretanto o que fazia “frisson” nesse Portugal antigo e fechado eram os expoentes da música francesa e italiana e uma excepção Demis Rousssos e Vangelis (na Grécia) que cantavam em inglês.
Falarei, ou melhor exporei vídeos destes e de outro mais tarde.
Por agora começo pelo ano de 1964 e por Gigliola Cinquetti a preto e branco na Tv e no Festival da Canção que ainda hoje existe.

Thursday, April 7, 2011

O NOIVADO DO SEPULCRO uma ilustração mexicana




Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?

"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?

"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!

"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!

– "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
– "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.

"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?

"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
– "Oh vejo sim... recordação fatal!
– "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.

"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

Soares de Passos

Minha mãe tinha um disco de vinil de alguém que dizia este poema. Muito antes de Vilaret e Lereno. Não sei quem o dizia e o disco desapareceu há muitas e muitas décadas antes de eu ser pequenino e depois das partilhas de família. As que costumam dividir equitativa e judicialmente o que não é nem pode ser moralmente divisível mas que de "jure" se perde por mor da lei. E que depois nunca mais materialmente se recupera. Ainda bem que a memória não deixa testamento judicial...

Soares de Passos (1826-1860) nasceu no Porto, indo estudar para Coimbra onde fundou o jornal O Novo Trovador. Nele colaboraram poetas da segunda geração romântica. Os seus poemas foram publicados em 1856 numa colectânea intitulada Poesias. Soares de Passos faleceu prematuramente, sendo, no entanto, um dos mais significativos poetas ultra-românticos portugueses. A sua composição mais conhecida é O Noivado do Sepulcro, de que os escritores realistas fizeram grande chacota.
Mas que é boníto lá isso é! Os intelectuais poderão fazer chacota, mas o ultra romantismo é que é a verdadeira poesia, a par dos antigos parnasianos e naturalmente dos líricos e dos simbolistas. O resto é prosa às vezes rimada, por vezes harmoniosa, mas apenas prosa. A poesia apenas circunscreve o ultra o resto são tentativas.

O cão . Amigo verdadeiro que tanto se presta a morder como a morrer de fome pelo dono.


O molosso fiel de antigas eras
O velho amigo da família humana
Que estrangulava os tigres e as panteras

Foi um gigante de bondade indiana.
Ele dormia em noites solitárias
Atravessado à porta das cabanas

Rondavam na floresta as alimárias;
E aos gritos lamentosos dos chacais
Estremecia o coração dos párias.

Mudos d amor, estranhos animais
Dilatavam os olhos coruscantes
Entre as fulvas vertigens tropicais

Iam beber ao rio os elefantes;
E quebravam na rústica passagem
Os troncos nus das árvores gigantes.

Sobre o cairel da hórrida voragem
Espreitador, inquieto, alucinado
Media a presa o búfalo selvagem.

E ele o molosso intrépido assombrado
Olhava a o céu profundo, esplendoroso
Cheios de um terror sagrado.

Ele forte ruivo monstruoso
E tinha vivas alegrias francas
No puro olhar azul, religioso.

Fugiam dele as grandes águias brancas;
E entravam nas cavernas os leões
Com a cauda hirsuta fustigando as ancas

Ele era o monstro bom das solidões
Tinha uma fresca genuinidade altiva
Que distingue os frescos corações

Naquela alma rude e pensativa
Serena e dócil como as pombas mansas
Havia a luz da aurora primitiva

Ele escondia as garras que eram lanças
E todo se arqueava humildemente
Sob a mão pequenina das crianças.

E os filhos do molosso inteligente
São esta raça espúria avinagrada
Que anda latindo ao calcanhar da gente!

Quando a pobreza vai subindo a escada
Logo aparecem estes cães impuros
Mostrando a boca vil, anavalhada

Remexem na esterqueira dos monturos,
Mordem os cegos tristes, indigentes,
Que vão na sombra tacteando os muros

Nem heróicos, nem castos, nem valentes
Maus e cobardes; a qualquer aceno
Fogem ganindo e vão mostrando os dentes.

Se tudo é baixo e pútrido e pequeno!
Fermenta a humanidade; em vão se eleva
Por sobre nós a cruz do Nazareno

O vil proscrito descendente de Eva
Sob o jugo do mal dobra o pescoço
E vai contente a rastejar na treva.

E ele o filho do intrépido molosso
Rasga o manto dos pobres por instinto
E lambe os pés a quem lhe atira um osso.

Tudo caiu no imundo labirinto
Desta miséria, deste egoísmo atroz;
Tudo apodrece. Magro cão faminto,

És menos torpe que qualquer de nós

Guerra Junqueiro

Monday, April 4, 2011

Moimenta elevada cidade sem descurar Leomil nem as outras localidades

A divisão político-administrativa do Reino de Mouzinho da Silveira veio alterar por completo(com maiores, ou menores injustiças) o mapa autárquico de Portugal.
No entanto, na generalidade, a decisão política de Lisboa (neste caso concreto melhor será dizer dos Açores que era onde se encontrava o Rei D.Pedro IV e o seu ministro Mouzinho) revelou-se acertada pelos tempos vindouros. Não sou especialista na matéria, mas reconheço que nesses tempos a importância das “terras” (lugares, aldeias e vilas) se começavam a transformar nitidamente. Principalmente na sequência das invasões napoleónicas que por imperativos militares levaram a novos levantamentos topográficos do país que em certo sentido corresponderam a verdadeiros sensos nacionais.
Sendo assim verificou-se que S. Cosmado tinha perdido importância face a Armamar. Resultado? S. Cosmado passou a freguesia anexa da dita vila e muito bem.
A Goujoím, sede de concelho (actualmente com menos de 30 habitantes) aconteceu o mesmo e passou para a dependência de Armamar perdendo o estatuto de vila.
Longa, de longa história, sofreu o mesmo destino e integrou-se no concelho de Tabuaço, tal como Barcos.
Granja do Tedo anteriormente muito mais comunicável com Goujoím deixou de estar nessa situação pelo desbravamento de novos caminhos, mais largos e transitáveis e naturalmente passou a pertencer a Tabuaço em vez de Armamar, ou Moimenta vilas com as quais detinha comunicações bem mais difíceis, ainda que mais próximas.
Leomil, apesar da grande extensão da sua freguesia perdeu terreno face ao explosivo desenvolvimento de Moimenta.
Lamas, perdido o Convento que constituía o centro da sua importância perdeu igualmente estatuto para Sernancelhe, mais uma vez porque Sernancelhe aumentava em dimensões demográficas e Lamas definhava com a perda de importância do referido convento.
A Lapa , por seu turno perdeu importância (ainda que muito posteriormente) pelo simples facto de a estrada (já do século XX) de ligação a Vila Nova de Paiva e Viseu ter sido traçada ao lado e bem ao lado alcandorando Alhais a uma dimensão inesperada de aldeia de passagem, quando por Alhais antes ninguém passava a não ser que o seu objectivo fosse ir lá, ou seguir para Fráguas, ou a outras várias localidades da Serra.
Castelo, quanto a mim perdeu importância apenas por que se encontra geograficamente situada numa espécie de promontório sem saída. Houvessem estradas que a ligassem a Contim, Beira-Valente, à Granja (neste caso agora já existe), ou mesmo a Leomil, ou Nagoza, Castelo poderia postar-se actualmente em posição bem diferente. Castelo foi importante quando foi castelo nos tempos da reconquista aos mouros depois disso nada.
Em suma a chave disto tudo são as ligações viárias e a quantidade e qualidade de população que cada agregado populacional possui.
Quanto à divisão entre Leomil e Moimenta sempre ouvi, desde criança, falar do diferendo de “fronteiras” (Alto do Facho? Rio Nozedo?).
Em minha opinião acho que faz pouco sentido esta dicotomia geográfica. Nos últimos trinta anos (tantos quanto me encontro em Macau – República Popular da China) tenho verificado a cada ano que passa e que passo férias em Leomil que Leomil e Moimenta se aproximam cada vez mais através do vale que divide o Alto do Facho do da Portela. Não tardam mais dez, vinte anos, que novas urbanizações liguem sem remissão as duas localidades.
Creio que será uma inevitabilidade (claro que por estar há tantos anos na China, me habituei a perspectivar o futuro a “lá long”. Neste ponto posso citar que Macau só será plenamente território chinês dentro de 40 anos). Tendo essa perspectiva em conta essa guerra de “alecrim e manjerona” entre Leomil e Moimenta será resolvida pelo tempo. Acho eu.
Quanto à transformação da Vila de Moimenta e das suas não sei quantas freguesias em cidade espero que seja levada a bom termo. Mas não a conto para breve. Tudo vai depender da capacidade das gentes de Leomil, Castelo, Paraduça, Semitela, Moimenta, Paradinha, etc.etc. chegarem a consenso (espero não ter esquecido nenhuma freguesia nem nenhum lugar) não foi por mal, mas apenas por estar longe das tricas paroquiais.

Friday, April 1, 2011



Este pássaro que assobia
Que parece noiteibó disse-me no outro dia
Que assobia pela avó

Não pode ser passaroco!
Respondi-lhe a meio trilho
Sabes lá pássaro louco
Sabes lá de quem és filho?

Quanto mais da tua avó!

E o pássaro a assobiar
Insistia em me contar
Que era filho e era neto
E era mesmo bisneto
De quem soubesse cantar

Nesse momento o meu cão
No trilho
Olhou de soslaio
E começou a ladrar

(Evidentemente que o diálogo do dono com o pássaro não lhe estava a agradar).
Ciumentos cão e dono e as árvores e as plantas rasteiras.
Tudo, tudo a exclamar.
Dos galhos altos da floresta baixo os olhos
Para a terra
Onde se estendem curvos barros de estradão
Ervas laterais
E o meu cão.
Então,
Por telepatia
(como comunicamos sempre),
diz sentencioso
O meu velho Labrador
Nesse momento fleumático,presente e ciumento
Em que deixou transparecer num arrepio de momento
Cauda e orelhas a abanar.
Meu dono não te deixes enganar
O pássaro canta e assobia
Mas não cheira deste mundo a anatomia
Vive na estratosfera
Noutra gnoseologia
Nós não
Vivemos na terra
O dia a dia
Do olfacto do chão.
Nesse momento
O mundo emudeceu
Um esporo floral
Esmorescente primaveril e decorrente
Caiu de uma árvore e
Entrou-me nas narinas
E nessa altura espirrei
Estás a ver meu dono
Disse o meu cão
São as narinas,
As feramonas
Quanto ao resto não sei.

J. Guedes 09 Março 2011

Dark Eyes - Sophie Milman - Jazz

Chet Atkins "Ochi Chornya" (Dark Eyes)

Dark Eyes (Gypsy Jazz)

Dark Eyes (Gypsy Jazz)

Ochi Chernye - Ivan Rebroff

Vladimir Estrin: "Ochi Chyorniye" ("Dark Eyes")

Benkó Dixieland Band - Dark eyes - Ochi chornye

Dark Eyes, Amazing Guitarwork